19.6.06

qualquer coisa que não um poema

esfrega os teus olhos no meu peito, podes passar a acreditar que tudo vai acontecer
a partir deste gesto minúsculo que é uma chávena de café a sair do seu pires
e a encontrar os teus lábios, tudo teleguiado pela tua mão de dedos finos.
recusa determinantemente as coisas que se te oferecem já feitas e refeitas
não é para isso que entraste na sala dos encontros imediatos com a liberdade
dos sentidos que é ser-se bonita como tu és, inteligente como tu és, apaixonante como só tu és.
vem à janela, nem que seja agora a última vez que o faças por mim ou para mim,
e entretém-te com os disparates que eu digo daqui de baixo, do primeiro andar,
ao mesmo tempo que vou deixando cair a cinza do cigarro em cima da roupa lavada.
vem ao meu encontro, tantas vezes isso foi apenas mais um desencontro,
mas agora que é a sério, que é de vez, vem e vem sem medo, toca à campaínha,
trás flores bonitas para me animares o corredor e dar um cheiro diferente à minha solidão.
eu continuo a ser de cá, destes lados onde se pede a alguém, com muito jeitinho,
para esfregar os olhos no meu peito, para passar a acreditar em tudo,
possível e certo numa data futura a combinar com os elementos da gerência,
esse tipo de negociação impossível de falhar porque é o destino, são as palavras
é o corpo todo ou ainda mais qualquer coisa da qual agora me vou esquecendo
quem garante que tudo se realizará como o combinado. era isto o que havia para dizer.
podes vir.

5 Comments:

Blogger margarida said...

Em silêncio chegará o dia breve e o poema viverá real num futuro fantasioso.

7:29 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É lindo.
:)

9:56 da tarde  
Blogger Luis F. Cristóvão said...

grazie!
*

11:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

viajava no mundo dos blogs, quando encontrei os "prazeres minúsculos"..... sabe bem ler os pensamentos de outra pessoa, nem que sejam histórias, faz nos olhar para dentro de nós :)
Parabéns

2:23 da tarde  
Blogger Inexitah said...

este blog tem algo especial.
parabaréns

8:30 da manhã  

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