9.6.06

de uma garrafa deitada ao mar na Noruega

podíamos ir aos saldos procurar livros de autores que já ninguém conhece
mas esta noite a feira fecha mais cedo e nós ainda estamos num dos extremos da cidade.
tu passas os teus dedos pelo meu cabelo despenteado e eu repito, para mim,
que certas coisas acontecem porque nos deixamos distrair e quando percebemos
somos apanhados por uma série de ventos e correntes que nos embrulham os pés
e nos arrastam pela calçada, acima e abaixo entre pessoas que nos olham de lado.
podíamos ir aos saldos e eu voltaria a casa a enrolar os dedos num saco de papel
sentado ao teu lado no metropolitano enquanto tu olharias a capa de um jornal
na outra ponta da carruagem. íriamos procurar certas ruas em silêncio
e acabar sempre por encontrar os nossos destroços numa qualquer mesa de um bar
com a porta aberta a noite inteira. mas nós ainda estamos num dos extremos da cidade
e ainda somos do tempo em que as coisas simples se tornam complicadas
porque não sabemos as palavras certas para os sentimentos que explodem em nós
ou porque essas palavras não existem e nós ainda pensamos que sim.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"os nossos destroços espalhados pelas mesas dos bares.."

"porque ñ sabemos encontrar as palavras para os nossos sentimentos"

... gostei especialmente destas duas imagens

8:49 da tarde  

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