17.6.06

Contos do Mundial (IV) Bobeei e dancei (segunda parte)

2.Foi nessa altura que o Brasil marcou o primeiro gol. Indescritível, pois eu tinha desviado o olhar por alguns segundos, fixado na peituda que estava a meu lado. Me distraí com tanta opulência, perdendo a ginga, o chute e o delírio na arquibancada. Valeu que a mulher também deu uns pulos e, num instante apenas, tive a percepção nítida do que significa a força gravitacional nas esferas celestes. Coisa gostosa.
Marcara Pelé e pensei que talvez seria um bom nome para colocar no menino que me esperava na maternidade, certamente ansioso por conhecer seu progenitor. Só precisava de convencer a Mônica e a grã-fina da mãe dela, com seus dois filhos bandidos. Juro que é verdade, os dois meio-irmãos mais novos de Mônica são bandido de verdade, procurados pela polícia.

Corri do botequim, ouvindo nos varandins os gritos enlouquecidos dos torcedores. Estava sem grana e não podia tomar de novo o ônibus, corri como um alucinado, rumo à vitória, sentindo a força do vento, a leveza dos meus pés, o estrilho do segundo gol brasileiro, num delírio explodido, num grito em uníssono, como se todo o mundo fosse irmão.

Depois, no rádio de bolso que se colara ao meu ouvido, soube da ansiedade do contra-ataque, do italiano malvado se aproximando da baliza de Gerson, a bola em arco espairecendo perigosamente perto do alvo e o goleiro se esticando numa única palavra arrepiada, e bateu para escanteio. Eu estava sem fôlego quando cheguei à maternidade doutor Rubem Fonseca, no limiar da zona sul.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Oi

Adorei todos os capítulo destshi "Contos do Mundiau".

O cara qui thém a sua Senhora na maternidade é engraçado à beça. O fanático de futibóu tshipíco.

O Blog continua um bom entretenimento.

Um grande abraço
Eurico

10:25 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home