6.5 na escala da língua
(..)Eu, narradora atenta num comboio cheio de corpos em hora de ponta, ia agora debruçar-me na estória que se está a passar à minha frente quando,
quando no momento oportuno do lugar daquilo que se ia escrever surge uma outra personagem ao fundo das coisas que penso e,
em asfixia,
me faz ver para dizer:
- tornei-me educadora infantil porque sempre quis ser médica:
a minha mãe sempre me achou pouco inteligente.
Eu própria sempre me achei pouco inteligente com ela e acho oportuno contar que, ao contrário do suposto, nunca tive vontade de chorar por isso: as minhas lágrimas secam ao sol.
Queria ter pena e abraçá-la neste comboio gigante de gente em hora de ponta, mas para além de tudo o resto, um aglomerado humano resolveu almoçar dentro da minha cabeça e fazer tudo doer
-desde pequena achei estranho dizerem-me que um dia seria capaz de me reproduzir com a benção da regra que me ia descer todos os meses do ano
(de cima para baixo? da cabeça para o estômago, pensei)
por isso fechei os olhos com força e imaginei-me em Praga no Inverno
(eu sempre quis ir a Praga no Inverno)
quando me apercebi o que podia acontecer ao meu corpo tinha um peito branco grande com dois bicos cor de rosa e duas coxas desenhadas entre as pernas e a barriga:
estava nas vésperas da regra que devia aparecer aos 10 por tradição familiar.
Veio-me afinal quando eu tinha 14, e ao contrário das meninas da minha idade, a minha regra não era vermelha: era amarela cor de sol.
quando no momento oportuno do lugar daquilo que se ia escrever surge uma outra personagem ao fundo das coisas que penso e,
em asfixia,
me faz ver para dizer:
- tornei-me educadora infantil porque sempre quis ser médica:
a minha mãe sempre me achou pouco inteligente.
Eu própria sempre me achei pouco inteligente com ela e acho oportuno contar que, ao contrário do suposto, nunca tive vontade de chorar por isso: as minhas lágrimas secam ao sol.
Queria ter pena e abraçá-la neste comboio gigante de gente em hora de ponta, mas para além de tudo o resto, um aglomerado humano resolveu almoçar dentro da minha cabeça e fazer tudo doer
-desde pequena achei estranho dizerem-me que um dia seria capaz de me reproduzir com a benção da regra que me ia descer todos os meses do ano
(de cima para baixo? da cabeça para o estômago, pensei)
por isso fechei os olhos com força e imaginei-me em Praga no Inverno
(eu sempre quis ir a Praga no Inverno)
quando me apercebi o que podia acontecer ao meu corpo tinha um peito branco grande com dois bicos cor de rosa e duas coxas desenhadas entre as pernas e a barriga:
estava nas vésperas da regra que devia aparecer aos 10 por tradição familiar.
Veio-me afinal quando eu tinha 14, e ao contrário das meninas da minha idade, a minha regra não era vermelha: era amarela cor de sol.
sometimes i wish i was a woman.
beijos
e eu desejava ser poeta para poder desejar não sê-lo.
it´s reslly good to be a woman.
eu concordo com o manu :)))
o olhar poeta sobre o dia-dia assusta-me.
e nem consigo ver as coisas assim, homem e mulher, como coisas separadas. só consigo ver o individuo. não consigo falar dos dois separadamente. para mim é mais fácil falar de fundo e forma, do bem e do mal ou do tempo que faz lá fora.
onde é ke já li isto?