O homem nu que se masturbava à janela
o homem que se masturba na janela de vidro do seu T2 alugado
-às terças-feiras por volta das 22:10
mede 1.83 e é Caucasiano.
o homem que à noite se masturba na presença dos cortinados da sala usa óculos de ver ao perto, aguarda feliz a queda de esperma nos vidros dos carros, lá em baixo, à laia de floco pegajoso com cheiro a divino
- a felicidade passa-lhe rente aos olhos enquanto o sémen se dispersa nas chapas coloridas: a ideia de poder engravidar um carro fá-lo rir
o homem que se masturba à noite na janela da sala sabe dos vizinhos a passearem-lhe debaixo das pernas mas prefere ser feliz: aguarda de olhos nas estrelas o tremor e o suor do êxtase
o homem que se masturba assim, à janela, na pontualidade das terças-feiras à noite, olha o sol com a certeza de ter vida a acontecer-lhe no meio das pernas, mas sente saudade do tempo em que sabia tocar nos outros
o homem que à noite se masturba sem dar explicações da utilidade que dá às mãos, usa desodorizante de manga-laranja, frequenta um restaurante pequeno da esquina e usa a Caixa Geral de Depósitos desde os 20
o homem que à noite se posiciona daquela forma, para toda a gente ver, podia amar qualquer pessoa que o quisesse amar
(homem, mulher, jovem ou velho)
o homem que se masturba com a lentidão dos que sabem, pendura réplicas de moinhos de café na parede da sala, só faz a barba em dias ímpares, vê o seu filme favorito três vezes por dia para se entender e usa óculos escuros para ver televisão
o homem nu que se masturba bonito à janela, acredita no amor enquanto lugar comum, procura-o todos os dias e diz para si mesmo que nunca vai querer ser como os outros.
-às terças-feiras por volta das 22:10
mede 1.83 e é Caucasiano.
o homem que à noite se masturba na presença dos cortinados da sala usa óculos de ver ao perto, aguarda feliz a queda de esperma nos vidros dos carros, lá em baixo, à laia de floco pegajoso com cheiro a divino
- a felicidade passa-lhe rente aos olhos enquanto o sémen se dispersa nas chapas coloridas: a ideia de poder engravidar um carro fá-lo rir
o homem que se masturba à noite na janela da sala sabe dos vizinhos a passearem-lhe debaixo das pernas mas prefere ser feliz: aguarda de olhos nas estrelas o tremor e o suor do êxtase
o homem que se masturba assim, à janela, na pontualidade das terças-feiras à noite, olha o sol com a certeza de ter vida a acontecer-lhe no meio das pernas, mas sente saudade do tempo em que sabia tocar nos outros
o homem que à noite se masturba sem dar explicações da utilidade que dá às mãos, usa desodorizante de manga-laranja, frequenta um restaurante pequeno da esquina e usa a Caixa Geral de Depósitos desde os 20
o homem que à noite se posiciona daquela forma, para toda a gente ver, podia amar qualquer pessoa que o quisesse amar
(homem, mulher, jovem ou velho)
o homem que se masturba com a lentidão dos que sabem, pendura réplicas de moinhos de café na parede da sala, só faz a barba em dias ímpares, vê o seu filme favorito três vezes por dia para se entender e usa óculos escuros para ver televisão
o homem nu que se masturba bonito à janela, acredita no amor enquanto lugar comum, procura-o todos os dias e diz para si mesmo que nunca vai querer ser como os outros.
guapo y matador
muito bem!
inês, adorei este texto...tomei a liberdade de postar um excerto no Sincronicidade...(com a autoria devidamente identificada, claro está) espero que não me leve a mal a liberdade
é seu, Sr Victor Leal Barros:)
É esta forma de olhar de dentro para as coisas, esta maneira branda e sem preocupações de denúncia, esta inteligência meiga, que atrai nas suas prosas. Mais um belíssimo texto, Inês. Parabéns. G
muito obrigado, G. :)