Crónica de Farkasvár (II)
O que cada um sabe do seu destino nunca será muito mais do que o farrapo de uma miragem. Da margem do rio, László observa as cintilaçöes do sol na água e, nessa viagem no tempo, tenta captar a luz que se escapa e, acima de tudo, as cores que se transformam. O pintor está sobre areia escura, quase uma lama, e a mudança do cenário atravessa o mundo como as suas memórias.
Ao tentar captar a cintilaçäo solar, a imagem que se repete vem da infäncia e consiste num barqueiro, a meio do rio, de pé na sua barca, apoiado a uma longa vara que se segura na vasa turva do fundo. O homem tem um colete e um chapéu preto, de abas. Vai cantando uma cançoneta melancólica.
Aqui, o rio é muito mais turbulento do que (a lagoa) nessa recordaçäo. Na outra margem, Farkasvár debruça-se sobre a água e as memórias de László funcionam como este percurso, mais velozes a meio, mais lentas onde o roçar com a margem vai esboroando a terra. Aqui, também, a água é espessa, pois transporta consigo a lembrança de montanhas distantes.
Insatisfeito com uma forma na tela, László tenta apagar o fragmento, sobrepor outras cores, mudar a dinämica daquele específico retalho de tempo, mas a verdade escapa-se entre os dedos sujos de tinta. A luz já mudou, o verde perdeu a sua essëncia, para se tornar um pouco mais cinzento, enquanto as cintilaçöes solares se espalham agora por uma superfície de água um pouco menor, como rugas na pele, insatisfeitas com o seu corpo.
Algumas nuvens elevam-se sobre o rio, há risos de crianças ao fundo, o rumor da estrada para além dos salgueiros. Farkasvár está quieta e o pintor pensa de novo no barqueiro antigo e na razäo de näo conseguir capturar o cerne daquilo que imaginou. E pensa, enquanto tenta capturar a verdade: A arte acumulou o seu saber entre o final do século XIX e o início do XX, e o resto foi inércia e declínio, fruto dos terríveis acontecimentos que passaram por aqui, como passa este rio.
"Sou um pintor de transiçäo", diz ainda László, a falar sozinho, como se fizesse um discurso académico. "Noutra geraçäo virá uma nova certeza, quando recuperarmos a sabedoria". E a mäo afaga a tela, no cavalete mal seguro sobre a areia escura. E, entre cintilaçöes solares, o pintor tenta adivinhar o rio e o seu entendimento com a luz que nele mergulha; afinal, está tudo ali, e ainda na sua consciëncia, como estava na daquele barqueiro antigo, que noutras circunstäncias, também queria perceber o rio...
Lajos Kormányos
Texto traduzido do original húngaro por Luís Naves
Escrito num teclado estrangeiro
Ao tentar captar a cintilaçäo solar, a imagem que se repete vem da infäncia e consiste num barqueiro, a meio do rio, de pé na sua barca, apoiado a uma longa vara que se segura na vasa turva do fundo. O homem tem um colete e um chapéu preto, de abas. Vai cantando uma cançoneta melancólica.
Aqui, o rio é muito mais turbulento do que (a lagoa) nessa recordaçäo. Na outra margem, Farkasvár debruça-se sobre a água e as memórias de László funcionam como este percurso, mais velozes a meio, mais lentas onde o roçar com a margem vai esboroando a terra. Aqui, também, a água é espessa, pois transporta consigo a lembrança de montanhas distantes.
Insatisfeito com uma forma na tela, László tenta apagar o fragmento, sobrepor outras cores, mudar a dinämica daquele específico retalho de tempo, mas a verdade escapa-se entre os dedos sujos de tinta. A luz já mudou, o verde perdeu a sua essëncia, para se tornar um pouco mais cinzento, enquanto as cintilaçöes solares se espalham agora por uma superfície de água um pouco menor, como rugas na pele, insatisfeitas com o seu corpo.
Algumas nuvens elevam-se sobre o rio, há risos de crianças ao fundo, o rumor da estrada para além dos salgueiros. Farkasvár está quieta e o pintor pensa de novo no barqueiro antigo e na razäo de näo conseguir capturar o cerne daquilo que imaginou. E pensa, enquanto tenta capturar a verdade: A arte acumulou o seu saber entre o final do século XIX e o início do XX, e o resto foi inércia e declínio, fruto dos terríveis acontecimentos que passaram por aqui, como passa este rio.
"Sou um pintor de transiçäo", diz ainda László, a falar sozinho, como se fizesse um discurso académico. "Noutra geraçäo virá uma nova certeza, quando recuperarmos a sabedoria". E a mäo afaga a tela, no cavalete mal seguro sobre a areia escura. E, entre cintilaçöes solares, o pintor tenta adivinhar o rio e o seu entendimento com a luz que nele mergulha; afinal, está tudo ali, e ainda na sua consciëncia, como estava na daquele barqueiro antigo, que noutras circunstäncias, também queria perceber o rio...
Lajos Kormányos
Texto traduzido do original húngaro por Luís Naves
Escrito num teclado estrangeiro
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