13.9.06

das particularidades do número vinte e um

já deves ter reparado que misturo na minha cabeça um pouco de tudo
desde as histórias das vidas dos padres do século dezasseis até
à doçura do teu sorriso quando me olhas para dentro do peito -
é assim que eu quero que te lembres de mim quando puxas os lençois
para cobrir a tua face e os prendes entre os lábios numa ânsia
de ser horas de me veres chegar ou, até mais do que isso, horas de saírmos
os dois juntos até a um lugar onde fiquemos sozinhos e abraçados.

já deves ter reparado que eu fico a olhar para ti embevecido
enquanto tu passas muito devagar de um lado ao outro da casa
passeando o teu perfume que eu agora reconheço como parte de mim -
é assim que eu quero que te lembres de mim quando vais no banco de trás
do carro dos teus pais a falar de velhas chatas que nos vêm incomodar os olhares
e com isso hesites em dizer uma ou duas coisas que te passam pela cabeça
fazendo com que a tua mãe perceba exactamente aquilo de que te estás a lembrar.

sim, já reparaste, tenho a certeza que já reparaste, e também eu já reparei no modo
como me olhas de lado, de todos os lados, quando estamos juntos cá em casa:
como eu já reparei na vontade que tens de te abraçar a mim a deixar o tempo passar:
como eu já reparei como é triste e demorado o teu sair pela porta quando chega a hora:
como eu já reparei como me sorris e me pedes para ficar mais pertinho de ti:
como eu já reparei como me estendes os teus sonhos de porta aberta para eu entrar:
como eu já reparei como eu já reparei como tu já reparaste como eu já reparei.

4 Comments:

Blogger Cristina Leimart said...

Ó Luís Filipe,
isto realmente é muito bonito.
CL

11:14 da manhã  
Blogger Mwana said...

Bom post...

4:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Filipe
obrigada pelo poema que me dedicaste ("olhar-te nos olhos num café italiano")
sinto-me lisonjeada
desculpa só agora fazer referência, mas é que.., estive na Holanda nos últimos tempos

És uma das pessoas deste blog,de quem gosto de ler o que escreves

Saravá

2:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

gosto tb particularmente deste teu poema e calculo que seja para alguém muito especial

Há situações que ñ procuramos, mas quando nos batem à porta são um previlégio..

Salvé o vinte e um
Abraço

2:25 da tarde  

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