Tempos assim
Parece que em tempos ele se arrastara por um período difícil que começou por ir assim-assim, evoluiu lentamente para o malzinho, até finalmente correr mesmo mal. Não corria, na verdade: estagnara numa lagoa turva, de tanto secar convertida em deserto, debaixo de um sol cínico que o fundia a ele, ofuscava os outros e confundia tudo.
Nesse tempo de deambulações cegas e circuitos fechados, a solidão colou-se-lhe à pele pelo lado de dentro, alojou-se-lhe nas mucosas. E o sol era tanto, o sol do deserto em que caíra, que houve quem estranhasse a sua ilusão de destempero.
Nesse tempo assistiu perplexo a uma floresta de muros que despontava à sua volta. Cada muro era erguido a tijolo e não se via para lá dele; cada muro tinha por trás um velho amigo aí aninhado com o seu mundo presente, um amigo velho impedido de participar na vida dele pelos muitos afazeres da própria vida.
E quanto mais lhe balançavam os pilares básicos da existência, quanto mais isso, mais os amigos saíam num só passo de trás dos seus muros de brioso stress, assumindo enfim as suas caras de ausência e, como luzes numa cidade noite fora, começavam a apagar-se sucessivamente, um após outro e ainda outro. Aquele ali ao fundo, depois esta num último sorriso, outra aqui mais perto, outro ali, ali, ali…
Cada vez que um velho amigo, um amigo velho ameaçava apagar-se, cada vez que a luz de uma janela esmorecia, ele corria aflito a espevitá-la com um sopro leve. Mas aflição e leveza não se entendem, e em menos de nada o deserto com a sua luz esmagadora era um bairro escuro sem luzes nas janelas.
Foi em tempos assim, em muitas noites sem lua sobre um alcatrão frio, como antes sob o sol em dunas fugidias, que ele viveu sem bússola, chamou por uma âncora, perdeu-se de si de tanto procurar os outros.
E como remédio só lhe restou desfocar o olhar de cenários extremos, liberar as luzes para que brilhassem além de cada muro, longe ou perto daquele bairro ali.
Parece que nesse tempo, então, tacteou em si palavras assim.
Nesse tempo de deambulações cegas e circuitos fechados, a solidão colou-se-lhe à pele pelo lado de dentro, alojou-se-lhe nas mucosas. E o sol era tanto, o sol do deserto em que caíra, que houve quem estranhasse a sua ilusão de destempero.
Nesse tempo assistiu perplexo a uma floresta de muros que despontava à sua volta. Cada muro era erguido a tijolo e não se via para lá dele; cada muro tinha por trás um velho amigo aí aninhado com o seu mundo presente, um amigo velho impedido de participar na vida dele pelos muitos afazeres da própria vida.
E quanto mais lhe balançavam os pilares básicos da existência, quanto mais isso, mais os amigos saíam num só passo de trás dos seus muros de brioso stress, assumindo enfim as suas caras de ausência e, como luzes numa cidade noite fora, começavam a apagar-se sucessivamente, um após outro e ainda outro. Aquele ali ao fundo, depois esta num último sorriso, outra aqui mais perto, outro ali, ali, ali…
Cada vez que um velho amigo, um amigo velho ameaçava apagar-se, cada vez que a luz de uma janela esmorecia, ele corria aflito a espevitá-la com um sopro leve. Mas aflição e leveza não se entendem, e em menos de nada o deserto com a sua luz esmagadora era um bairro escuro sem luzes nas janelas.
Foi em tempos assim, em muitas noites sem lua sobre um alcatrão frio, como antes sob o sol em dunas fugidias, que ele viveu sem bússola, chamou por uma âncora, perdeu-se de si de tanto procurar os outros.
E como remédio só lhe restou desfocar o olhar de cenários extremos, liberar as luzes para que brilhassem além de cada muro, longe ou perto daquele bairro ali.
Parece que nesse tempo, então, tacteou em si palavras assim.
Cristina:
Já li todos os seus escritos e acho-os muito interessantes. Imaginação e uma forma bem original de agarrar os temas. Venha mais para a mesa. A COMUNIDADE agradece!
Caro/a d.e.
peço desculpa pela demora na resposta. Eu é q agradeço. É coisa boa alguém ler o q a gente escreve. Vá dando notícias, sugestões, o q quiser...
CLeimart