férias
há uma espécie de névoa neste verão que me pinta os cabelos -
ando na rua e toda a gente me olha como se fosse um estranho,
estou no meu bairro, no meu café, entre a minha gente, confesso,
mas as noites fazem-se quentes e da varanda só se vêem as luzes do hospital
ou uma outra traseira de edifício construído à revelia dos planos municipais.
há uma espécie de névoa neste acordar mais tarde que o costume -
o subsídio de férias rima com maços de tabaco e imperiais ao fim de tarde,
o miúdo a querer comprar todos os jogos de computador da tabacaria,
a mãe dele a telefonar de cinco em cinco minutos para saber se o príncipe está bem,
a televisão a repetir todos os jogados de futebol do ano passado.
há uma espécie de névoa na própria névoa desta vila à beira-mar
ou será o gonçalo m. tavares a descobrir uma nova língua portuguesa pela qual morrer
e matar, algumas proposições a rever num dicionário de velhos académicos.
as férias eram uma coisa que se fazia sentado à mesa do jantar, com as esposas,
mas agora são só uns calções às riscas pendurados entre o jornal e a kitchnet.
ando na rua e toda a gente me olha como se fosse um estranho,
estou no meu bairro, no meu café, entre a minha gente, confesso,
mas as noites fazem-se quentes e da varanda só se vêem as luzes do hospital
ou uma outra traseira de edifício construído à revelia dos planos municipais.
há uma espécie de névoa neste acordar mais tarde que o costume -
o subsídio de férias rima com maços de tabaco e imperiais ao fim de tarde,
o miúdo a querer comprar todos os jogos de computador da tabacaria,
a mãe dele a telefonar de cinco em cinco minutos para saber se o príncipe está bem,
a televisão a repetir todos os jogados de futebol do ano passado.
há uma espécie de névoa na própria névoa desta vila à beira-mar
ou será o gonçalo m. tavares a descobrir uma nova língua portuguesa pela qual morrer
e matar, algumas proposições a rever num dicionário de velhos académicos.
as férias eram uma coisa que se fazia sentado à mesa do jantar, com as esposas,
mas agora são só uns calções às riscas pendurados entre o jornal e a kitchnet.
férias de quê, de quem?
...belo texto.
ABRAZO...
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