À espera, com ciúmes
Sinto-me como um homem que um dia vi a empurrar uma carroça repleta no meio do trânsito. O fardo sufocava-o, mas o peso era tão excessivo que ele parecia indiferente ao vendaval de carros à volta, desfeita a sua noção de sentido que apenas a estrada lhe impunha.
Estou sentado e o silêncio oprime. O apartamento está vazio, a mobília sem uso, as paredes sem nexo. A luz que entra pela janela é angustiante e o mesmo digo da cortina, que a aragem faz ondular com suavidade. Estou aqui à espera dela e o tempo passa a diferentes ritmos, às vezes mais depressa, por vezes com uma lentidão feroz. Fiz bem em esconder o relógio na gaveta: o passar dos segundos ouvia-se como se fosse um martelo a bater no meu crânio.
Ela não virá. Faz parte do seu jogo obscuro, do engano e da cortina que me lança aos olhos, a ilusória doçura branca a ondular na brisa. Engana-me há quanto tempo? Talvez desde que me conhece. Sempre foi uma falsa sonsa! E quem será o homem com que engana? O pior de tudo é não saber isso, embora não haja dúvida sobre a natureza da traição.
A falsidade dela é a sua máscara. Tem um disfarce de sorriso brando e duradoura mentira. Parecia-me um anjo, no início, quando me seduzia, mas era um feitiço, aquilo que me encantava.
E aqui estou, prisioneiro, numa espécie de eternidade. À espera, com ciúmes.
O som de passos. É ela. A chave na porta. Hesitação. Ela teme. E ao rodar a chave daquela forma, mais não faz do que confirmar a minha espera.
Estou sentado e o silêncio oprime. O apartamento está vazio, a mobília sem uso, as paredes sem nexo. A luz que entra pela janela é angustiante e o mesmo digo da cortina, que a aragem faz ondular com suavidade. Estou aqui à espera dela e o tempo passa a diferentes ritmos, às vezes mais depressa, por vezes com uma lentidão feroz. Fiz bem em esconder o relógio na gaveta: o passar dos segundos ouvia-se como se fosse um martelo a bater no meu crânio.
Ela não virá. Faz parte do seu jogo obscuro, do engano e da cortina que me lança aos olhos, a ilusória doçura branca a ondular na brisa. Engana-me há quanto tempo? Talvez desde que me conhece. Sempre foi uma falsa sonsa! E quem será o homem com que engana? O pior de tudo é não saber isso, embora não haja dúvida sobre a natureza da traição.
A falsidade dela é a sua máscara. Tem um disfarce de sorriso brando e duradoura mentira. Parecia-me um anjo, no início, quando me seduzia, mas era um feitiço, aquilo que me encantava.
E aqui estou, prisioneiro, numa espécie de eternidade. À espera, com ciúmes.
O som de passos. É ela. A chave na porta. Hesitação. Ela teme. E ao rodar a chave daquela forma, mais não faz do que confirmar a minha espera.
Que vida triste! E o respeito, onde está? Deverá o amor ser assim tão febril que se torne doentio? O texto é muito bom, mas angustiante.
Cara Eme,
Obrigado pela visita. Já visitei o Véspera e gostei bastante do poste que li. Respondo-lhe em nome do Luís Naves, porque sei que a modéstia o impedirá de dizer-lhe que já pode comprar os "livrinhos" dele. Chamam-se "O Silêncio do Vento" e "Os Reis da Peluda", e estão editados pela Campo das Letras...Até breve
peço desculpa pelo equívoco, mas não foi exactamente modéstia aquilo que me impediu até agora de responder assiduamente aos generosos comentários. Não compreendi desde o início deste blog que era preciso aprender a tecnologia. Sou analfabeto informático e demorei a entender o príncipio desta espécie de local de conversa. chamo-me luís naves e sou jornalista. tenho 44 anos e alguns livros publicados. A ideia deste blog é escrever material o mais original possível, num espírito de esboço, de livrinho de apontamentos, sobretudo para treinar técnicas e ideias. Por isso, os comentários dos leitores são essenciais, pois nos dizem se um determinado texto funcionou ou não. Neste caso, devo dizer que não me agrada totalmente o resultado. Penso que teria de ser mais extenso e ter um ritmo mais assimétrico, mas claro que me agrada o facto de ele ter sido apreciado pelos leitores. Fica aqui o devido agradecimento pelos comentários e prometo de futuro responder, tal como exige a boa educação.