11.1.06

A 7ª onda

Dizem que é sempre a sétima onda, mas por vezes as contas falham e surpreende-nos saber tão pouco sobre quando virá, se alguma vez, essa manhã. A mesma inocente manhã transportada pelos pássaros para além da infância e com eles o puro ar, o espanto verdadeiro de existir.


Dizem que é sempre uma música antiga, o odor do pão fresco, da lenha ou da relva molhada. Que, desse modo, a memória nos regressa a um lugar antigo quando tudo parece perto de terminar, para que afinal recomece.


Aí mesmo, pelo caminho do coração em direcção ao idílico jardim onde a alma procura, procura sempre, alguém ou algo que não estranhe nunca. Um confirmado abraço, sentido na pele como a mais protegida fruta, a fértil certeza do tacto, a reencontrada porta para dentro e acima de tudo.


Quero dizer-te: Agora escrevo com dificuldade incerta e lúcida, mas nas tuas mãos abro janelas para esse mesmo lugar, breve olhar ou fulgurante beijo me iluminam e em ti, em ti regressa sempre essa sétima onda. A mais forte, aquela que nos arrebata e comove de tão viva...De tão inesperadamente viva.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O Sete como número de perfeição, mais uma vez. Lembra-me que um dia me explicaram que o 666 é o numero da Besta porque representa uma tripla imperfeição. Um tripla frustração, com todos os pecados que daí advéem.

2:44 da tarde  
Blogger zazie said...

"mas nas tuas mãos abro janelas"

ça c'est de la literature!

5:44 da tarde  
Blogger Maria Carvalhosa said...

Cada vez melhor, João! Será o amor (perfeito) que faz apurar a qualidade da escrita?
Um beijo.

7:08 da tarde  
Blogger João Villalobos said...

Pois é Maria, o amor - perfeito ou a tentar sê-lo - é sempre um auxiliar precioso. Para tudo :)

7:35 da tarde  
Blogger mariomar said...

um breve olhar por este blog é uma probabilidade grande de ir por aqui ficando...

7:48 da tarde  
Blogger João Villalobos said...

Caro martinchel,
obrigado pela visita que espero seja a primeira de muitas :)

8:26 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sétima onda, sétima porta, sétima vez. O que importa é que o amor está algures pronto para nos receber. Basta-nos abrir os braços, com os olhos e o coração abertos. O amor tudo pode. É a única força capaz de furar os oceanos, se preciso for. Adorei este texto, do fundo do coração que tudo sente.

9:16 da tarde  
Blogger Ricardo António Alves said...

Muito bem...

9:50 da tarde  
Blogger lebredoarrozal said...

fantástico:)

é bom abrir esta janela:)

2:53 da manhã  

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