1.6.06

O livro das coxas


(...) para ser completamente sóbria com a apresentação factual, confidencio em exactidão que desconfio de mim mesma quando acordo de manhã, desconfio da cor do meu cabelo, da textura das minhas unhas, do reflexo do meu corpo no espelho da casa de banho:
porque podiam estar todos a mentir-me ao mesmo tempo.


Desconfio-me na parte mais difícil da desconfiança pessoal:
às vezes o meu corpo pede-me prazer sozinho, e até os meus dedos das mãos se retraem, ganham uma flacidez preguiçosa, e não fazem o que há a fazer quando me quero dar a mim.

Olho-me ao espelho novamente:
sei de coisas que me nascem à beira dos olhos à maneira de gente a conversar-me nas pestanas, e penso que se me pudesse desenhar tão desasossegada quanto me sinto seria uma mulher nervosa a distribuir panfletos publicitários pretos a transeuntes, ou seria talvez apenas alguém sem vida sentado na tampa da campa que é sua, a beber gotas de chuva que caem do céu a saber a leite (...)

Hoje à noite vou ser feliz.

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

gostei de tudo menos do "nervosa".
depois dei por mim a pensar: o ke é ke as pessoas terão a ver com isso? mas depois pensei: o ke é ke eu tenho a ver ke as pessoas tenham a ver com isso?, depois comecei a pensar no poema da inês e saí de casa.

11:00 da manhã  
Blogger Inês Leitão said...

Posso convidá-lo um chá?

12:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

convidar leitores pra chá parece-me bem. Amei o texto.
qd tiveres tempo p tomar chá comigo, avisa.

abraço Moçambicano :==P

12:47 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

claro, com muito gosto. isto se não se importar de tomar chá com um "acidente biológico", "uma fêmea incompleta" enfim... "um aborto com pernas", "deficiente" e "emocionalmente limitado".
será um prazer.

4:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"VS"

5:02 da tarde  
Blogger Inês Leitão said...

Querido Miguelito:

Isso não é uma incomptibilidade, acredite.
(não necessitava dar indicação VS porque tenho o Manifesto na ponta da língua)

leio-o desde os 17...aos 20 descobri que na obra havia um erro grave que tornava falso tudo o que ela (autora) havia construído com tanto detalhe e rigor
(na minha opinião estamos perante a Utopia esquizófrenica mais genial da humanidade)

A dor foi quase tão forte como quando a minha mãe me contou, em carinhos, que o Pai Natal afinal era ela...

Fico feliz por saber que conhece.
Um abraço

12:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bonito *

5:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

mealmeida@clix.pt

8:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Gostei imenso deste texto. Parabéns.

9:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ainda bém; e que essa felicidade se repita por muitas noites. Que os meus espíritos protectores te acompanhem e zelem pelo teu sono, como o fazem comigo. Mereces.

10:51 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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»

1:32 da tarde  

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