Meds
Dizem que já conseguem viver um sem o outro, que têm cortinados da sala diferente, que vivem vidas antagónicas.
Juram que já são felizes .
Dizem que já não sentem a falta um do outro na cama, que já não experimentam arcas frigorificas juntos, chãos de sala ou casas de banho públicas como faziam:
diz-se que são outros.
Dizem que se passarem um pelo o outro na na rua , um mudará de eixo por escolha pessoal intransmissível:
diz-se que são civilizados, que se sabem tratar.
Dizem que têm outras pessoas, que casaram e arranjaram filhos
- ela arranjou outro: ele arranjou outra
e que as festas foram grandes com as familias todas.
Diz-se que moram perto um do outro sem saberem.
Dizem que da varanda de um se vê a varanda do outro: dizem que no outro dia se cumprimentaram na secção do arroz no supermercado da avenida.
Dizem que iam os dois com as respectivas famílias.
Dizem que primeiro se olharam nos olhos como se os olhos de um já tivessem sabido a linguagem do outro, diz-se que esticaram as mãos, que as apertaram, diz-se que parecia que nunca um dia existiu em que aqueles dois se houvessem despido para o outro:
diz quem viu que pareciam autênticos estranhos.
Diz-se que a pele dela já não dava sinais da presença dele, dizem que ele desviou o olhar:
dizem que o marido dela apareceu, que ela os apresentou educamente.
Dizem
- e pouca gente sabe mas dizem
que ela olhou para trás quando se separaram: dizem que terá sido um olhar estranho.
E dizem
- dizem
não tenho a certeza mas dizem
que ele olhou para ela também.
Juram que já são felizes .
Dizem que já não sentem a falta um do outro na cama, que já não experimentam arcas frigorificas juntos, chãos de sala ou casas de banho públicas como faziam:
diz-se que são outros.
Dizem que se passarem um pelo o outro na na rua , um mudará de eixo por escolha pessoal intransmissível:
diz-se que são civilizados, que se sabem tratar.
Dizem que têm outras pessoas, que casaram e arranjaram filhos
- ela arranjou outro: ele arranjou outra
e que as festas foram grandes com as familias todas.
Diz-se que moram perto um do outro sem saberem.
Dizem que da varanda de um se vê a varanda do outro: dizem que no outro dia se cumprimentaram na secção do arroz no supermercado da avenida.
Dizem que iam os dois com as respectivas famílias.
Dizem que primeiro se olharam nos olhos como se os olhos de um já tivessem sabido a linguagem do outro, diz-se que esticaram as mãos, que as apertaram, diz-se que parecia que nunca um dia existiu em que aqueles dois se houvessem despido para o outro:
diz quem viu que pareciam autênticos estranhos.
Diz-se que a pele dela já não dava sinais da presença dele, dizem que ele desviou o olhar:
dizem que o marido dela apareceu, que ela os apresentou educamente.
Dizem
- e pouca gente sabe mas dizem
que ela olhou para trás quando se separaram: dizem que terá sido um olhar estranho.
E dizem
- dizem
não tenho a certeza mas dizem
que ele olhou para ela também.
"dizem que não sabiam quem era"
muito bom
;)
Gostei muito, Inês. Até agora foi o que eu mais gostei.
Destacado medico salmantino, don Filiberto Villalobos
Revisitações deliciosas :)
E os textos loucos?? Esforça-te dá-nos melhor...