Caderno Fúcsia
J. Wimmer traduziu o original grego da Odisseia para melanésio sem que soubesse qualquer das línguas, a sonoridade era o suficiente. Mais tarde tornou-se representante das baterias-auto da marca Tudor para o Alto Volta.
A posteridade deu-lhe (mas a Câmara pode retirar-lha) uma parede amarela encimada pelo seu nome na avenida 24 de Julho. Obviamente alemão, decidiu escrever as suas Obras Completas, embora nesta primeira fase apenas se trate aqui de uma divulgação das suas Obras Escolhidas. O primeiro volume intitula-se «Caderno Fúcsia» e são textículos para uma poesia pobre de raiva. Iremos publicando alguns neste nosso blogue:
Pai
Não fales de murmúrio em salva, nem de saliva o orvalho,
não fales, nem me digas que não, não é um peixe na multidão
é um galo a fazer de chafariz no meio de um archote extinto,
é uma metáfora, disseram-me que um dia contaram a história
e a boca abriu e fechou como se um portão pudesse morrer...
Não fales, porque eu não te ouço, há excesso de silêncio,
e os meus ossos estalam como um jagger septuagenário
não fales, o mundo é atchim por causa das alergias, é, não fales
porque coma trufas ou coma merda, cago o mesmo...
não fales não, um dia escrevi o nome com as sombras dos teus olhos, os velhos
peixes do tejo que não sabem o que sabiam porque não têm memória.
Não fales, nem eu te quero falar de kant no canto e do vai um chope-ou-nar,
sei que o humor não é uma paixão socrática, prefere o rumor cavernoso
Não fales. De que falamos quando não nos falamos?
A posteridade deu-lhe (mas a Câmara pode retirar-lha) uma parede amarela encimada pelo seu nome na avenida 24 de Julho. Obviamente alemão, decidiu escrever as suas Obras Completas, embora nesta primeira fase apenas se trate aqui de uma divulgação das suas Obras Escolhidas. O primeiro volume intitula-se «Caderno Fúcsia» e são textículos para uma poesia pobre de raiva. Iremos publicando alguns neste nosso blogue:
Pai
Não fales de murmúrio em salva, nem de saliva o orvalho,
não fales, nem me digas que não, não é um peixe na multidão
é um galo a fazer de chafariz no meio de um archote extinto,
é uma metáfora, disseram-me que um dia contaram a história
e a boca abriu e fechou como se um portão pudesse morrer...
Não fales, porque eu não te ouço, há excesso de silêncio,
e os meus ossos estalam como um jagger septuagenário
não fales, o mundo é atchim por causa das alergias, é, não fales
porque coma trufas ou coma merda, cago o mesmo...
não fales não, um dia escrevi o nome com as sombras dos teus olhos, os velhos
peixes do tejo que não sabem o que sabiam porque não têm memória.
Não fales, nem eu te quero falar de kant no canto e do vai um chope-ou-nar,
sei que o humor não é uma paixão socrática, prefere o rumor cavernoso
Não fales. De que falamos quando não nos falamos?
Huummm....como direi? Prefiro os vesinhos fofinhos. Embora, já sei, este texto não é teu. Mas como o assinas....
Quando não nos falamos, falamos de ausência.
v.b.
Gostei deste J. Wimmer. De quem será a tradução? Do S. João? Ou de um mecânico do Alto Volta com estágio -- pago pela baterias Tudor, claro! -- na Guiné?