4.4.06

Voar

Que sim, dizia ela. E eu podia jurar que ao fundo aqueles pássaros eram pintassilgos.
Deixei de a ouvir. O vento agitou-me, agarrei-me à terra com as duas mãos.
Que uma mulher pode parar o movimento dos planetas já o sabia. É uma questão de prática, apenas.
Mas que consiga alterar-lhes a sua rota, acelerá-los, isso nem o meu pai me ensinou.
Ela ainda acrescentou algo mais, mas é impossível recordar o que fosse. Estava feliz por haver pássaros e por serem mesmo pintassilgos. Só por isso.
Do que me lembro, é apenas de um corpo que subia, em tudo idêntico ao meu. Subia e ria. Ria e continuava a subir.

Lembro também os pintassilgos. Indiferentes.

9 Comments:

Blogger lebredoarrozal said...

fantástico:)

8:47 da tarde  
Blogger amigona avó e a neta princesa said...

o que importa é voar... até pode ser com pintassilgos...

10:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Os pais nunca ensinam nada.
Gostei da palavra "semelhante" e das duas últimas linhas.

12:47 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Sinto-me a voar pelo imenso céu azul. Oiço o chilrear alegre dos passarinhos tão perto de mim. Serão pintassilgos? Não sei se quero voltar. Está-se tão bem aqui por cima. Lá para o fim do dia decido. Por agora, estou a adorar esta viagem.

9:43 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Passa aí o charro.

5:29 da tarde  
Blogger Sol said...

Este texto é um maísculo prazer minúsculo! :)

5:35 da tarde  
Blogger Maria Carvalhosa said...

Que posso eu dizer além de que, quando julgava que já não era possível gostar AINDA MAIS do que escreves, apareces com um texto destes?
Bjs

11:22 da manhã  
Blogger L. Rodrigues said...

Pintassilgos, há anos que não vejo um.

2:10 da tarde  
Blogger Hugo Madeira said...

E porque não galos de barcelos?

11:35 da manhã  

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