Hoje não há silêncio, sombra ou medo
nem sussurros de amantes em segredo.
Hoje regressas e recordo só a estrada,
vestida de vermelho a tua pele dourada.
Podem cair em tom de aviso flores lilazes.
Mas o jardim, as raparigas, os rapazes,
acordam, na dobra desse dia,
a esperança indestrutível da alegria.
Não sei, em verdade, como despes
a memória respirando quando as noites...
Mas sei de nós, os dois surpreendidos
por haver tanto ainda para dar.
Apenas nós, entre a Alma e os sentidos.
E o Amor antes da hora de acabar.
nem sussurros de amantes em segredo.
Hoje regressas e recordo só a estrada,
vestida de vermelho a tua pele dourada.
Podem cair em tom de aviso flores lilazes.
Mas o jardim, as raparigas, os rapazes,
acordam, na dobra desse dia,
a esperança indestrutível da alegria.
Não sei, em verdade, como despes
a memória respirando quando as noites...
Mas sei de nós, os dois surpreendidos
por haver tanto ainda para dar.
Apenas nós, entre a Alma e os sentidos.
E o Amor antes da hora de acabar.
João,
Estou absolutamente extasiada com este teu poema. Mas já começa a ser um lugar-comum, não é verdade? Afinal, ainda está para aparecer o teu primeiro texto do qual eu vou dizer "não gosto!" :)
Beijos.
Os dois versos finais, especialmente, são de grande factura. Estás a ver a sorte? Um elogio da Maria sobre os textos que escreves, sem o «quase» da impiedosa ressalva, que estigmatiza alguns infelizes...
Querida Maria, mais uma vez obrigado e beijos também.
Quanto ao Misantropo camuflado em baixo, não vale a pena enciumar. Também os (e as) fãs não têm poupado nos elogios. Abraços.
Mais uma vez, gostei imenso.
Concordo com o ciumento disfarçado (afinal o gajo mexe bem nos teclados...): chave de ouro no dístico, embora também goste bastante da terceira estrofe. Numa palavra, como disse o Faria e Sousa a propósito do Camões: lol.
Ao ler este poema, vejo uma estrada cheia de luz e flores. Ao longe, o cantar dos pássaros e, talvez, a passagem de uma banda filarmónica. O sol encadeia os olhos, aquecendo-nos o corpo e a alma. O amor está de volta, tal como a Primavera. Gostei muito mesmo.
e é sempre tudo tão cantado!
Gostei muito. Obrigada. Mas gosto de dar sugestões, como gosto de ser sugerida (para quando?). Mudava o antepenúltimo verso um poucochinho: em vez de "por haver tanto ainda para dar" punha "por tanto haver ainda para dar", uma vez que jogava polissemicamente com o verso anterior: "os dois surpreendidos / por tanto..." Desculpa a intromissão, e claro que o poema é teu e assim também está bem.
Obrigado pela visita Dama, e estou de facto muito atrasado na promessa de um comentário.
A sugestão é boa e passou-me pela cabeça, mas depois optei de facto por não fazer o jogo com o por tanto/portanto.
Talvez tenha feito mal mas... Bjs :)
Ok. Mas o jogo em que eu estava a pensar, era só "surpreendidos por tanto", que me parecia mais forte do que "supreendidos por haver", em termos de colocação das palavras. Bjs tb.
... parece que sim, que a "qualidade" vislumbrada à entrada se mantém! ;-)
É tarde e tenho de dar descanso ao corpo e à mente - mas foi uma boa supresa descobrir hoje ao deitar, um tesouro de prazeres MAIÚSCULOS.
Até breve!