6.3.06

Contar uma história

Tu sabes que as pessoas esperam que faças coisas bonitas. Ao fim de uns tempos, começaram a pensar que tu és capaz de tudo isso. Há quem pense que és brilhante. Há quem te veja a brilhar. Há quem desespere por um sinal teu. Não um piscar de olho, não. Uma palavra. Uma história.

Gostas de ficar a pensar nas possibilidades do mundo. Procuras sítios silenciosos. Locais onde possas ficar a observar todo o tempo que te apetecer. Pontos onde possas viver-te. Porque no fundo é isso que te interessa. Um suave egoísmo percorre-te por dentro. Agrada-te que o consigas transformar em palavras. Agrada-te conseguir oferecê-las aos outros.

No entanto, há quem não perceba. Não é fácil perceber que a história nasce do pormenor. Nasce de qualquer coisa que mais ninguém viu, senão tu. Nasce do momento em que, sem qualquer explicação plausível, percebeste que era possível fazer nascer palavras de um olhar, de um suspiro, de um movimento, de uma situação.

Pedem-te verdade naquilo que escreves. Mas que verdade podes tu oferecer senão a verdade da ficção? A verdade da pequena mentira que criaste? E esperam que tu faças coisas bonitas. Quando tu só esperas conseguir contar mais uma história.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A beleza está nos pormenores, nas pequenas coisas. Nos prazeres minúsculos. Ficção é o que não se sente. Nada tem a ver com a história. Gostei imenso do texto.

11:20 da manhã  
Blogger admin said...

Está bem, é egoísmo. Por mim, é de egoísmos que venho aqui à procura. Que interesse tem um texto que não seja egoísta? Que interesse tem um texto que não seja escrito por um egoísta? Mais egoísmo, por favor.

3:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O texto é egoisticamente mágnifico.
Adorei.

8:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Contar uma história é sempre um prazer.
Stela

9:51 da tarde  
Blogger Xixao said...

Que bem! realmente sabes contar uma história!

2:16 da tarde  

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