17.3.06

dia

lembras-te daquele dia em que

a caneta composta sobre o tampo da mesa
uma casa portuguesa e pão e vinho
os bifes a descongelar sobre o balcão
os dias quietos sem se dizer palavra

lembras-te daquele dia em que

a tostadeira a incendiar pelos teus olhos
o sol que entrava em ângulo complicado pela janela mal fechada
o verso mal cortado, respirando ainda
os comprimidos e os lenços de papel

pois foi aquele dia em que tu

vieste finalmente fechar uma porta cá em casa
com os teus dedos fortes e os teus cabelos despenteados
disses-te duas ou três verdades copiadas de um manual de sobrevivência
e saíste porta fora até à tua ausência

1 Comments:

Blogger Clotilde S. said...

A ausência que se inscreve numa porta fechada.

Espero que para a tua poesia, haja sempre um "Volto já".

6:15 da tarde  

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