13.3.07

A mulher incendiada ouviu a língua no centro do seu corpo
e no entanto: Um tremor silencioso agitou-lhe as espátulas.
Ao mesmo tempo repercutiam, vibravam, sílabas húmidas
nas dobras secretas entretanto entreabertas. Telúrica sede
de Ontem regressar. Ser ainda este desejo o seu primeiro.

Nem um som. Nem um gemido. A mulher incendiada levantou
o seu ventre e uma montanha no outro lado do mundo ruiu
sem que entendessem porquê os turistas das fotografias.
Uma minúscula esfera basta. Um cacto de pedra sem água vive.
Uma mulher prescinde da música, das palavras. Do silêncio não.

3 Comments:

Blogger Maria Carvalhosa said...

As coisas que tu sabes, João! Não paras de me surpreender.

Beijo.

10:03 da tarde  
Blogger João Villalobos said...

Obrigado, querida Maria. Um beijo também.

12:16 da manhã  
Blogger Ricardo António Alves said...

Muito interessante, e belo também. Abraço.

1:46 da manhã  

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