8.11.06

teorema de pitágoras

um poema que seja a ausência de mim mesmo no lugar da folha em branco
naquela hora em que começa a chover e todas as outras pessoas
se levantam apressadas das mesas que compunham, no antes do primeiro verso,
uma esplanada situada no centro da cidade em que me encontro.

um poema que seja a falta de palavras no momento em que me sorris,
pessoa que passa pela rua e, no quase encosto de ombro, liberta os músculos da face
fazendo desse desencontro um desejo impossível de realizar, não tanto
pela falta de palavras como pela falta de desejo em si mesmo.

um poema que seja o silêncio, finalmente, a ser dito devagarinho
de tal modo que nenhum de nós dele se apercebe e faz disso, desse silêncio silenciado,
um pedido disfarçado de literatura para as nossas vidas sendentas de histórias
porque de tantas fantasias nelas criadas já não distinguimos o que é ou o que somos nós.

2 Comments:

Blogger JCA said...

Caro Luis

Depois de ler um poema, fico sempre em silêncio,porque será?

Cumprimentos.

2:07 da tarde  
Blogger Cristina Leimart said...

Olha que bonito, LF. Já sabes que digo 'bonito' porque quando se trata de poesia não sei como me exprimir e tenho meo de usar palavras.
CL

12:50 da tarde  

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