Homens no Fio
Como o Luís Naves não o dirá, digo eu: Foi agora publicada pela Campo das Letras a sua novela «Homens no Fio», baseada numa história real, como dizem os filmes americanos. Aqui fica um fragmento:
...«Adelino deitou-se no barco, lançou o braço para o mar, num gesto longo; e, com a palma da mão transformada em rude cálice, trouxe para cima, cuidadosamente, uma pequena quantidade de água. Com o outro braço colocado sobre o ombro de Pedro, pressionando com suavidade, obrigou o rapaz a ajoelhar à sua frente. Depois, devagar, derramou a mão-cheia de água sobre o cabelo do companheiro:
- Eu te baptizo em nome da Igreja, do Deus único e de nosso Senhor Jesus Cristo, ámen.
Foi apenas isso que disse, sem se importar se aquelas eram as palavras certas. E sentiu então que, pela primeira vez em dias, Deus o ouvira.
Enão, o velho ajoelhou também, uniu as duas mãos, e começou a rezar em voz alta, como se falasse para uma vasta congregação. Adelino era um pastor com uma única ovelha. Dizia uma frase e Pedro repetia. A ladainha prosseguiu, monótona, até o pôr do Sol. Assim, andaram à deriva durante horas, alheados do resto, peregrinos sem destino, agora serenados dos respectivos martírios, finalmente em paz com a ideia da sua morte. Lentamente, as nuvens ficaram cor de sangue, depois raiadas de estrelas. Sob o efeito dos ventos elevados, começaram a formar largos capitéis e colunas gigantescas, como se o céu se tivesse transformado numa catedral do tamanho do mundo».
Luís Naves, «Homens no Fio», Ed. Campo das Letras, 79 pp.
...«Adelino deitou-se no barco, lançou o braço para o mar, num gesto longo; e, com a palma da mão transformada em rude cálice, trouxe para cima, cuidadosamente, uma pequena quantidade de água. Com o outro braço colocado sobre o ombro de Pedro, pressionando com suavidade, obrigou o rapaz a ajoelhar à sua frente. Depois, devagar, derramou a mão-cheia de água sobre o cabelo do companheiro:
- Eu te baptizo em nome da Igreja, do Deus único e de nosso Senhor Jesus Cristo, ámen.
Foi apenas isso que disse, sem se importar se aquelas eram as palavras certas. E sentiu então que, pela primeira vez em dias, Deus o ouvira.
Enão, o velho ajoelhou também, uniu as duas mãos, e começou a rezar em voz alta, como se falasse para uma vasta congregação. Adelino era um pastor com uma única ovelha. Dizia uma frase e Pedro repetia. A ladainha prosseguiu, monótona, até o pôr do Sol. Assim, andaram à deriva durante horas, alheados do resto, peregrinos sem destino, agora serenados dos respectivos martírios, finalmente em paz com a ideia da sua morte. Lentamente, as nuvens ficaram cor de sangue, depois raiadas de estrelas. Sob o efeito dos ventos elevados, começaram a formar largos capitéis e colunas gigantescas, como se o céu se tivesse transformado numa catedral do tamanho do mundo».
Luís Naves, «Homens no Fio», Ed. Campo das Letras, 79 pp.
Parabéns ao Luis Naves pela publicação do seu livro; parabéns ao João Villalobos pelos seus poemas; obrigada por este(s) "prazeres minúsculos" que só agora descobri.
Obrigado Sofia. E bem vinda :)
Parabéns ao Luis Naves. Gosto dos posts dele...
Stela
parabéns:)
:\ Ainda nao me convenceram quanto ao outro post... Mas, os testes tem sido tantos, os trabalhos também e aquela do "passa nao passa" também, que nem tive tempo de vir cá opinar mais um cadinho! .. Realmente, sou teimosa. De qualquer das formas peço desculpa * se interpretei mal...
Quanto ao Luis Naves :) Parabens.
obrigado a todos
Parabéns,Luís.
Um abraço.