continua a chover intensamente em budapeste
continua a chover intensamente em budapeste
e eu aqui apoiado nos meus cotovelos contra a mesa
conto algumas ervilhas que descasquei durante a tarde.
num pequeno rádio a pilhas oiço notícias de lugares
onde nem tu nem eu estamos e sorrio devagar como o tempo,
esse tempo que alguns cientistas dizem não existir.
talvez fosse uma novidade para nós, os que não lemos,
mas insisto em não acreditar em quase nada do que me chega assim
por este pequeno rádio a pilhas, nem sequer na música.
continua a chover intensamente em budapeste
e os agricultores passam com os seus carregamentos
de uvas para dentro das adegas onde se encobrem do frio.
o meu avô tinha umas botas grandes e escuras
onde uma vez guardei alguns berlindes e um papel em branco
para que ele não se sentisse sozinho ao chegar ao trabalho.
queria poder dizer-lhe agora algumas palavras
como tardes de sol, automóveis, fintas bonitas de um jogador
ou então apenas sorrir-lhe e falar-lhe de budapeste.
continua a chover intensamente em budapeste,
essa cidade cheia de nomes de ruas e de pessoas que desconheço
porque nunca fui até à cidade de budapeste.
apoiado nos meus cotovelos contra a mesa
conto algumas ervilhas que descasquei durante a tarde
e enrolo mais um pouco de tabaco numa mortalha.
no pequeno rádio a pilhas, uma voz lenta e sofrida
fala de uma criança que vai crescendo entre palavras
e eu sorrio uma vez mais encharcado na chuva de budapeste.
e eu aqui apoiado nos meus cotovelos contra a mesa
conto algumas ervilhas que descasquei durante a tarde.
num pequeno rádio a pilhas oiço notícias de lugares
onde nem tu nem eu estamos e sorrio devagar como o tempo,
esse tempo que alguns cientistas dizem não existir.
talvez fosse uma novidade para nós, os que não lemos,
mas insisto em não acreditar em quase nada do que me chega assim
por este pequeno rádio a pilhas, nem sequer na música.
continua a chover intensamente em budapeste
e os agricultores passam com os seus carregamentos
de uvas para dentro das adegas onde se encobrem do frio.
o meu avô tinha umas botas grandes e escuras
onde uma vez guardei alguns berlindes e um papel em branco
para que ele não se sentisse sozinho ao chegar ao trabalho.
queria poder dizer-lhe agora algumas palavras
como tardes de sol, automóveis, fintas bonitas de um jogador
ou então apenas sorrir-lhe e falar-lhe de budapeste.
continua a chover intensamente em budapeste,
essa cidade cheia de nomes de ruas e de pessoas que desconheço
porque nunca fui até à cidade de budapeste.
apoiado nos meus cotovelos contra a mesa
conto algumas ervilhas que descasquei durante a tarde
e enrolo mais um pouco de tabaco numa mortalha.
no pequeno rádio a pilhas, uma voz lenta e sofrida
fala de uma criança que vai crescendo entre palavras
e eu sorrio uma vez mais encharcado na chuva de budapeste.
Execelente texto,fez-me sentir por uns momentos em "Budapeste a chover lá fora".
Cumprimentos
Luís
Um destes dias encontrei uma pessoa que me disse que aqui no blog "há um que escreve muita bem e que tem três nomes". Aqui fica o comentário por interposta pessoa.
Por mim, adoro Budapeste, e então com chuva, e então dito assim...
a beleza da chuva são os campos que a recebem e erva que então brota
a beleza das lágrimas, os amigos que a recebem e a amizade que brota
chove.. em mtas almas chove.., sedentas de umas gotas..
ergue a cabeça.. abre a boca.. deixa as as gotas entrarem,
..e.. um beijo em cd uma delas..
a beleza da chuva são os campos que a acolhem e o verde que então desponta
a beleza das lágrimas são os amigos que as acolhem e a amizade que então desponta
raise your face
open your mouth
leave the drops to fall in
i'm kiss you in everyone
Está sempre a chover, em Budapeste. Quase. Sempre. Não tinha a mesma graça. Se deixasse de estar sempre. Quase. Sempre. A chover. Em Budapeste. Sim. Vários escrevem muito bem neste blog... mas há um que tem três nomes e que escreve. Mesmo. Quase sempre. Muito bem.
Gostei da história dos berlindes e do papel em branco...
Beijinhos grandes