O mágico
O mágico abriu as mãos e em seguida enrolou as mangas da camisa com um sorriso. A rapariga olhava-o fixada no mais pequeno indício, procurando o fio invisível que faria regressar a lógica ao seu universo de origem.
O mágico elevou-se com lentidão no ar, os braços erguidos e as pernas unidas. A rapariga, desesperada, olhou para cima mas ficou encadeada pelo foco de luz muito branca. Quando voltou a abrir os olhos, o mágico tinha desaparecido.
Ainda hoje os pais discutem de qual deles foi a culpa de a rapariga ter desaparecido por sua vez, pouco tempo depois. Numa entrevista a um obscuro canal de cabo, um amigo disse que ela de vez em quando dava notícias, mas que era inútil guardar os postais. A tinta desvanecia depois da leitura e só restava, sempre igual em cada um desses esporádicos sinais, o desenho de duas mãos, abertas, sem linhas.
O mágico elevou-se com lentidão no ar, os braços erguidos e as pernas unidas. A rapariga, desesperada, olhou para cima mas ficou encadeada pelo foco de luz muito branca. Quando voltou a abrir os olhos, o mágico tinha desaparecido.
Ainda hoje os pais discutem de qual deles foi a culpa de a rapariga ter desaparecido por sua vez, pouco tempo depois. Numa entrevista a um obscuro canal de cabo, um amigo disse que ela de vez em quando dava notícias, mas que era inútil guardar os postais. A tinta desvanecia depois da leitura e só restava, sempre igual em cada um desses esporádicos sinais, o desenho de duas mãos, abertas, sem linhas.
posted by João Villalobos at terça-feira, abril 18, 2006
Sim senhor! Um texto que oscila entre um certo estado zen e um capítulo do Harry Potter. Bastante original. Gostei.
"Até o dia em que o sol no horizonte, deixou no céu um rasto quente de terra fria. A caixa do correio já não esperava sinal de vida, quando a trouxa pesada assentou no hall de entrada e a filha apareceu, de novo, por magia.
O sorriso era cansado.
Mãos abertas e mangas enroladas, sujas e desbotadas, foi o que sobrou do dia, em que o mágico suava sob os holofotes de luz branca e a rapariga de olhos claros sonhava com a cor do céu e com o príncipe encantado."
Desculpa a ousadia de querer completar algo por si só tão perfeito...
mas este blog, desperta a vontade de escever e comer palavras, como néctar dos deuses ao pequeno-almoço.
Obrigada!
e por favor, continua ;)
adorei os "poemas fofinhos" :)
bjs
mágico! sim senhor...
como tudo o que tu escreves!
Bjo.
Que mania essa do clube de fãs! :)
São apenas pessoas que partilham o gosto por poesia despretenciosa. Mas os outros autores também agradecem os comentários ;)