15.2.06

A reunião com as minhas amantes

Certo dia, que ainda não sei se errado dia era, quis quantificar o amor das minhas mulheres por mim, para daí escolher uma delas para toda a vida. Sentei-as todas à minha volta, por cima das chávenas de chá e dos tabuleiros pintados como se fossem mármore. Procurei ouvi-las bem nas suas apreciações da minha pessoa. Perscrutar como um deus os seus corações, funestos ou doces. Andrea falava suave e quase despudorada. Talvez visse mesmo em mim alguém mandado pelos céus mas, pelas vias das dúvidas, quis ouvir antes a Florence, poeta francesa e professora para ganhar dinheiro, pois que nem só de poesia vive a mulher. Florence era a que melhor falava. Dissertou considerações interessantíssimas acerca de mim, até me fazer sorrir, meio-envergonhado. Dizia por exemplo que apreciava deveras o meu modo de andar e gostava das minhas mãos que tocavam guitarra. Nunca se queixou do meu sorriso, como Xana o fizera, e quase não disse mal de mim… Maria dançava e nos seus acenos rocambolescos parecia dizer que eu era o tal. Mas eu sabia que mentia com quantos dentes sorria. Kika estava encantada comigo mas esquivou-se a fazer comentários. Valéria não pudera vir, por culpa do seu namorado que era grande como um armário de telefones. Anya pensou sussurrar-me ao ouvido que me amava, mas desistiu a meio. Depois vieram ainda muitas e cada uma dissertou sobre os meus atributos. Até que chegou a Tanya. Ah! Sim! A Tanya veio para o pé de mim, sentou-se ao meu colo e foi ela a escolhida…
Nuno Alves Martins

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bem, que grande harém!! E todas à escolha!!! Há pessoas com sorte.

2:38 da tarde  
Blogger L. Rodrigues said...

Devia ser rico...

2:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Mas afinal foi ela q te escolheu!

12:52 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

reconheço esta escrita..

é-me familiar.. ;)

11:36 da tarde  

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