17.2.06

E para ti? O que é o Amor?

Excerto de «O Que é o Amor Para Ti?», com organização de Sofia Costa Quintas e editado na Pergaminho:

Sofia Costa Quintas: Estamos a chegar ao fim desta animada
conversa. Ao longo de duas horas, focámos algumas
das múltiplas faces do amor e da paixão. Certamente haveria
muito mais a dizer. Antes de terminarmos, peço a cada
um que faça uma breve síntese em jeito de comentário a este
debate.
Margarida Rebelo Pinto: Em relação à paixão, acho que
foi tudo muito consensual. Todos concordamos com esta
ideia de a paixão ser uma projecção e ter uma base de instinto.
Quanto ao amor, podíamos estar aqui dez anos que não
chegávamos a nenhuma conclusão.
Alçada Baptista: Esquecemos um pouco o amor. O que
significa que esta é uma zona turva nas nossas vidas. E é uma
zona turva porque vivemos num tempo em que o amor anda
tão misturado com a carne que poucas pessoas conseguem
descobrir a chave do mecanismo dos afectos.
Casimiro de Brito: A paixão é um sopro. Um vento que nos doma
e que nos reconstrói. Ou destrói. O amor será antes
uma casa que nós construímos. As pessoas tendem a viver
uma vida sedentária, e a paixão é nómada. Quando somos
tomados pela paixão, lá vem o momento em que desejamos
acalmar, aquilo é glorioso mas arrasa. O ser humano vive
numa espécie de oscilação permanente entre o sedentarismo
e o nomadismo. Mas também dependemos de circunstâncias.
É entre o pouco e o imenso que se vive a grande arte, a
do amor.
Jorge Marques: Fiquei com a ideia de que a paixão é facilmente
explicável e até tratada pela ciência, porque resulta
fundamentalmente de uma necessidade. Relativamente ao
amor, verifiquei que cada um de nós tem um conceito diferente
daquilo que ele representa. Para mim continua a ser um
mistério. É fundamentalmente uma aprendizagem, que é diferente
para cada um.
João Villalobos: Acho que corremos seriamente o risco de
tornarmos o amor cada vez mais impossível, porque cada vez
somos mais individualistas. Mesmo durante esta conversa,
falou-se muito no eu e pouco no outro. Para mim, o amor,
contrariamente ao que diz o Casimiro, é amar o feio. Em relação
à paixão, o amor fica sempre a ganhar. O amor é uma
aceitação e, por isso, tem outro ritmo.
Isabel Empis: O amor está ligado à harmonia. É tranquilo.
E é também o encontro da nossa essência. Está num lugar
onde tudo tem uma beleza própria. A paixão é um mecanismo
psicológico e de projecção, cujo objecto vai mudando segundo
as nossas necessidades de comportamento. São tentativas que
fazemos para chegar à essência. Através da aprendizagem que
cada paixão representa, vamos engrossando o caudal do nosso
amor. O amor é como o universo, está sempre a crescer. É
um sentimento infinito.

12 Comments:

Blogger L. Rodrigues said...

Um comprimido de vitaminas e fibras dá-nos tudo o que uma maçã nos dá, sem o prazer maligno do açúcar.
Os nutrientes são o amor. A paixão o açúcar.
Há demasiados diabéticos por aí, envenenados pelo excesso de açúcar. Mas qual será a doença para o amor sem paixão? Pelo si pelo não, vou procurando a maçã.

12:25 da tarde  
Blogger Maria Carvalhosa said...

Não há qualquer malignidade no açúcar da maçã. Asseguro-te. Come maçãs à vontade!!! ;)

12:45 da tarde  
Blogger L. Rodrigues said...

No da maçã não, certamente. É a quantidade certa, com os nutrientes adequados ;).

12:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para mim, o Amor é completo. Preenche, conforta, amadurece. Torna o ser humanos mais generoso, sensível. Equilibra, hamoniza. Desenvolve.
A Paixão é quente, colorida, aventureira. Tira o sono, emagrece, torna-nos mais bonitos, faz-nos rir horas a fio sem razão nenhuma. Ficamos enérgicos, inspirados, felizes. Pode-se consumir, como um fósoforo, ou evoluir, como uma semente. Seja como for, a paixão dá aquele sabor apimentado à vida que faz tanta falta.

4:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bom.., para mim o amor é sentirmo-nos bem em fazer o outro feliz

o Padre Melícias costuma perguntar aos nubentes o porquê de casarem; a maior parte responde que é por acharem que podem ser felizes com aquela pessoa.., raríssimas excepções os que dizem que é porque acharem que podem fazer aquela pessoa feliz...!!

Júlio Machado Vaz compára a paixão à água em ebulição e o amor a um banho maria..

Cá por mim gosto de começar por ferver e depois então baixar o lume..
:) :) :) :)

7:56 da tarde  
Blogger Ricardo António Alves said...

Concordo com o Jorge Marques (que não deve ser o gajo que vende calças e ténis na Faraó, aí perto da Pergaminho) e, é claro, com a Isabel Empis. Aprendizagem é uma palavra-chave do amor. Bravo. O livro já está à venda?

1:03 da manhã  
Blogger João Villalobos said...

Caro Ricardo,
Não sei é se ainda se encontra nas prateleiras. Já saiu há uns 7 meses. O Jorge Marques tem vários romances publicados incluindo um chamado «O Ministro que gostava de mornas» ou algo assim. É presidente da APG (Associação de Gestão em Recursos Humanos).
Abraço (é também para onde revertem 50% do preço do livro :)

1:13 da manhã  
Blogger Paulo Cunha Porto said...

O Amor é a fórmula mítica com que fingimos não estar sós e ajudamos outro a fingi-lo também.
A Paixão não se define. Ao fazê-lo estamos a transformá-la, nos casos menos conseguidos, em qualquer coisa inferior; e quando corre bem, em... Amor.

6:59 da tarde  
Blogger Xixao said...

Ai que saudades de vir a este blogue...
Hoje consegui dar cá um salto e, como sempre, valeu a pena!

8:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O que é para mim o amor?

O amor é uma flor. E eu gosto de ser uma abelha. E só os nossos corações é que podem ser o vento.

:) É sobretudo partilhar, e acreditar.
Mas, quem sou eu. No meio de tantas pessoas que escrevem e comentam com uma experiência tão grande de vida. O amor, na adolescência, é qualquer coisa boa. Que nos sentimos. E da qual nos rimos muito. É delicioso.
É a flor inatingivel.
Ou o bolo do qual vamos tirando pedacinhos mas que parece nunca acabar.
Porque sim. O açucar é indispensavel no amor. E isso independentemente da idade, ou da experiência.

2:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O amor é o lugar comum que esperamos. Uma vida inteira, invejando os afortunados que o encontram. Porque nós, os outros, os simples mortais, também o queremos. Com todos os clichés, com a seta certeira, que tire a fome e nos ilumine para sempre.Esperamos o amor grande dos poetas, o amor químico dos cientistas que perdem tempo a estudar as enzimas. O amor. Banal, repetido, gasto. Dos corações juntinhos nas contra capas dos cadernos da escola, dos amuos, da vida em suspenso, dos caminhos trilhados até à velhice. Dos filhos, dos netos, de nós. De termos sido gente, de sermos gente.

3:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

o amor é aquilo que nos une, quando nos une, e que nos une quando é amor.

11:32 da tarde  

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