Do mesmo bloco, na mesma gaveta
(...)Ao abrirmos a porta, uma boneca de louça vestida de gueixa recebe-nos e sorri. Um silêncio que foi casa, onde os sons se encontram gravados, magnéticos, sobre todos os objectos.
Entrar aqui, é entrarmos no nosso próprio quarto, no mais íntimo de todos os refúgios. Sem ser aqui, só na memória se sobrepõem em colagem tantas imagens sem a cronologia das mãos e se descansa, na recordação dos dias longos.
Este lugar é todo ele um armário de poemas desconhecidos. Vive dos segredos mais simples, por vezes os mais densos: uma capa de hospital vazia emoldurada e fotografada a preto e branco, uma mulher desenhada escovando o cabelo, traços ténues como estes. Recados para quem visita e se ilude na habitação provisória deste espaço. Branco agora, para sempre, branco reunião de todas as cores(...)