28.12.05

Ilumino-me d'imenso


No dia 26 de Janeiro de 1917 em Santa Maria La Longa, Giuseppe Ungaretti escreveu um poema ao qual deu o título Mattina, com apenas duas linhas:

«M'illumino

d'immenso.

Nessa mesma manhã, num descampado sem nome, o meu bisavô terminava de colocar a máscara anti-gáz mostarda e flectia a perna esquerda, ao mesmo tempo em que a mão direita se agarrava a uma pequena ramagem de fortes raízes que o ajudasse a dar o salto, saindo da trincheira. Depois...


Nota: Na realidade, diz-me o meu grande amigo e camarada de blogue Luís Naves, o primeiro soldado português a cair em batalha na Guerra de 14-18 só morreu em Abril desse ano de 1917. Deste modo, mais uma vez se demonstra como não há boa ficção ou literatura, sem a devida investigação prévia. Dito de outro forma, o meu bisavô voltou para casa são e salvo mas, dizem, a bater mal devido aos efeitos do gáz mostarda. As datas reais da sua ida, batalhas e regresso perderam-se no limbo familiar.

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Num discurso de 2004, o nosso presidente fala da batalha do Lys e das baixas portuguesas. 7000 homens e 300 oficiais, nas palavras dele. Dir-se-ia que não éramos comandados por homens.
Resta saber se eram ratos ou Deuses.

2:29 da tarde  
Blogger João Villalobos said...

Homem que é homem não passa de sargento :)

2:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

António Gonçalves Curado. O primeiro português a morrer nas trincheiras. A 4 de Abril.
Vês? Também consigo ser construtivo.

5:13 da tarde  
Blogger João Villalobos said...

Pois consegues. O facto de ele se chamar Curado não deixa de ser irónico...

5:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Usando a giria policial, o primeiro a ficar presunto.

5:32 da tarde  
Blogger Ricardo António Alves said...

Bela foto.

5:41 da tarde  
Blogger Paulo Cunha Porto said...

Foi um massacre inteiramente devido à inconsciência política. A «União Sagrada» entre Evolucionistas e Democráticos, na ânsia de reconhecimento, mandou para a Flandres as pobres tropas, sem preparação ou equipamento adequados. Creio que foi o General Haig que disse que «eles até roubavam as botas dos soldados ingleses, para fuguirem mais depressa». Mas há outros testemunhos, de sinal contrário, quanto à bravura. No que são unânimes é no péssimo comando a que obedeciam. O meu Avô também esteve lá. Ficou toda a vida algo diminuído pelo gás e safou-se por uma unha negra, tendo saído de uma reunião de estado-maior divisionário minutos antes de o barracão ir pelos ares...

8:36 da tarde  
Blogger lilia silvestre chaves said...

Mas é claro que pode haver boa ficção inventada... ou até mesmo boa (auto)biografia!
Eu gostei demais.
Lilia

9:31 da tarde  

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