19.12.05

Rosebud, Cap. V

Aqui estava eu ou uma pequena parte de mim, a cabeça pouco ultrapassando este mesmo balcão. Aqui, onde sempre se reuniram pescadores e jogadores de rugby, como já só acontece nos poucos lugares que Cascais reserva para os seus habitantes antigos.
Foi então que o pescador se inclinou para mim. Digo que era pescador pelo bigode, mas bem poderia ter sido jogador de rugby e disse: «Vocês, jovens de hoje, parecem galinhas antes de um terramoto. Correm, correm, mas não sabem para onde vão».
Nunca me esqueci desta frase, embora me tenha esforçado. Nunca me esqueci porque depois crescemos e ele tinha razão. Corremos o tempo todo, às vezes muito depressa e em todas as direcções, mas se repararmos bem não corremos para lado algum e algumas vezes, quando recordo a frase dele, já nem é nisso que penso. É no terramoto. O terramoto que não veio e quando virá o terramoto ou se ele já chegou e nós é que não o sentimos. Eu, e tu, e os outros tão ocupados, demasiado ocupados correndo.

4 Comments:

Blogger Paulo Cunha Porto said...

Um céptico diria que não é mau, escusa-se de passar pela angústia da espera do sinal de partida e encontra-se com o aquecimento já feito...

2:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Nos próximos dias não estarei perto deste maiúsculo prazer, por isso desejo que a estrela do Natal brilhe na sua casa e a estrada do Ano Novo seja sempre iluminada.
Desejos sinceros, um abraço.
Innie

3:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Será que corremos todos sem sentido? Ou será que pensamos que fará mais sentido correr para chegar a tempo? A questão é: Será mesmo preciso correr? Eu acho que, a maior parte das vezes, basta apenas abrir os olhos. Mas sempre em movimento. Sempre.

3:42 da tarde  
Blogger João Villalobos said...

Cara menina Innie,

Retribuo os seus desejos com igual sinceridade e estima. Até breve.

3:46 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home