Fragmento possível de a Sarça Ardente
Eu, que nunca te dei Senhor uma palavra
que não dúvida ou grito de aflição.
Qualquer troça pérfida da minha lavra
para que rissem alto de Ti na multidão.
Quero agora ver-me humilhado no castigo,
anseio com orgulho Teu rompante punitivo.
Assim saberia como o desespero que aqui digo
te incomoda ou move, e que estás vivo!
Estranho cérebro o meu, que me levou a ler sarda ardente.
Lamento, mas se a gente não diz o que nos ocorre, de que serve este espaço?
Isso revela uma fraca cultura bíblica, para não acrescentar "régia" :)
Mas como a malta está aqui para inducar, ainda vais a tempo de te redimir lendo os poemas do autor de «Mas Deus é Grande». Abraço.
Eu? Ler poesia? Não posso.
A minha consciência ecológica revolta-se contra aquele espaço todo que sobra nas páginas.
Ai, Amigo! A esta falta-me a coragem para comentar, que me traz à lembrança coisas minhas. Apenas direi que o tom me parece um bocado para além do que permite a «Confissão de um Homem Religioso»...
Citei o título de cor, não garanto a precisão.
Pois é, caro Paulo, é a chamada licença poética...
Que dizer-te senão que expões aqui tantas das nossas angústias, e expõe-las regianamente e bem? Por isso te felicito. E já agora, retribuo-te dando-te algo inédito e menos valioso -- menos regiano e talvez mais mourão-ferreirano --, que aparecerá no «Abencerragem» qualquer dia: «Chegar ao próximo Natal é o pedido que sempre faço ao Deus em que não creio.»
Um forte abraço.