Um dia destes
O homem abandonou a pasta num lugar visível.
Não muito longe,
um intervalo prateava as águas do rio. Hoje
- pensou a florista fechando o guarda-sol –
os crisântemos venderam-se para os mortos,
como se fossem amados ainda pelos vivos.
O homem começou por tirar a gravata e depois,
um grito colou-se ao som curvo do eléctrico.
De nada serve dizer que horas eram,
apenas quase noite, para os poetas o crepúsculo.
Talvez houvesse também uma criança,
testemunhando tudo com os olhos de Deus.
“Bem haja” foram as últimas palavras do merceeiro
e um sorriso a sua única resposta
antes de as batatas rolarem, em direcção aos telejornais.
O homem caminhava distante, mas não tanto
que esquecesse o que fizera.
E a luz de prata sobre o rio? E a luz de prata?
http://santosdacasa.weblog.com.pt/arquivo/2005/05/fim_de_tarde.html
Existem, de facto, paralelos entre os textos :)
Aproveito e "linko2 (que raio de palavra) o seu blogue aqui ao nosso Prazeres...
Agradeço e retribuo.
Um abraço.